"A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses
pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor daqui, uma revolta
acolá. [...] A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a
pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e
da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que
aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde em si mesma."
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